Abstract:
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"As comunidades tradicionais pesqueiras são marcadas por uma cultura marítima, assim como toda cultura, que se constrói e se acumula através de gerações O saber tradicional dessas comunidades envolve formas de conhecimento construídas através da experiência e da intuição, que o fazem dominar diferentes aspectos do ecossistema marinho, como as correntes e as marés, o ciclo biológico das espécies que pescam, incluindo época de reprodução e movimentos migratórios, a influência dos astros, entre outros fenômenos, o que corresponde a um vasto conhecimento empírico.
"As diferentes formas de organização social da pesca e de apropriação dos espaços e dos recursos fazem parte da cultura marítima e muitas vezes definem regras de uso É nesse contexto que se insere essa pesquisa em que se propõe o estudo das relações estabelecidas entre os pescadores de Iguape e os espaços que utilizam para praticar a pesca da manjuba (Anchoviella Lepindestostole) Essa pesca, que ganhou importância como atividade econômica a partir de 1920 é considerada nos dias atuais como a atividade de maior importância econômica do município que movimenta mais de dois mil pescadores.
"Diante da grande importância que a pesca da manjuba representa para a economia local e para a cultura marítima, buscamos com esse trabalho investigar e descrever como os pescadores de manjuba em Iguape se organizam e como fazem uso do espaço e do recurso Como seus conhecimentos intervêm nessa atividade e quais as práticas de manejo envolvidas.
"A relação das comunidades tradicionais com o ambiente em que vivem é tão estreita que se torna imprescindível incorporar seus saberes, suas formas de apropriação do espaço e dos recursos em um diálogo com as ciências e suas teorias, na tentativa de se garantir a continuidade das práticas pesqueiras de forma sustentável Nesse sentido, é essencial que as lógicas comunais de apropriação sejam efetivamente consideradas ao se propor políticas públicas voltadas para a manutenção dos recursos."
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